quinta-feira, 4 de dezembro de 2008


03/12/2008
Sérgio, documentário de Greg Barker sobre a vida do diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello Participou do Sundance Festival (2008)e do Hot Docs 2009



É o documentário "Sergio", sobre o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, enviado especial da ONU que foi assassinado em Bagdá em 2003, cuja vida virou livro de Samantha Power, assessora de política externa de Barack Obama (leia minha entrevista com ela aqui). Dirigido por Greg Barker, que participou de um dos melhores programas jornalísticos da TV americana, o Frontline, tem estréia mundial no festival.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Artigos

Revista Isto È
22/08/2003 - 17:18 | Edição nº 275



Um brasileiro em busca da paz

Maior ataque à ONU na História mata Sérgio Vieira de Mello, que dedicou sua vida à ONU

Marcelo Musa Cavallari
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Sérgio Vieira de Mello era um homem apaixonado. Por seu trabalho e pela vida. No auge da carreira, quando muita gente o via como um possível sucessor de Kofi Annan, na Secretaria-Geral da ONU, Vieira de Mello falava em aposentadoria. Em sua última visita ao Brasil, nos feriados de Natal e Ano-Novo, o incorrigível otimista que acreditava poder 'mudar o mundo' contava sobre seus planos para 2005. A partir dessa data, pretendia não ter mais missões a cumprir pelas Nações Unidas. Queria levar uma vida tranqüila em Genebra, com a namorada, Carolina Larriera, economista argentina, de 30 anos, que trouxe ao Brasil para apresentar à família. Ele estava mais magro e rejuvenescido.

Várias vezes, ao longo dos 33 anos em que serviu à ONU, Sérgio Vieira de Mello comparou seu trabalho ao desafio de andar em campo minado. Foi encarregado de tarefas extremamente delicadas em alguns dos lugares mais perigosos do planeta. Sobreviveu a missões em Bangladesh e nas guerras civis de Moçambique e do Líbano. Chefiou a missão da ONU em Kosovo, na ex-Iugoslávia, assim que se encerraram os bombardeios da Otan contra os invasores sérvios. Foi a principal autoridade civil na transição de Timor Leste de território ocupado por duas décadas pela brutal ditadura indonésia ao mais novo país independente do mundo.

Na terça-feira 19, aos 55 anos, Vieira de Mello caiu vítima do campo minado que foi sua vida de trabalho pela paz. Ele e mais 20 pessoas morreram no maior atentado contra as Nações Unidas da História. Uma bomba de fabricação soviética de mais de 600 quilos colocada em um caminhão explodiu debaixo da janela de seu escritório em Bagdá. O brasileiro, atingido por uma viga de ferro, ficou preso entre os escombros por cerca de quatro horas. Morreu antes de poder ser resgatado.

Carolina Larriera, por quem Vieira de Mello se apaixonara em 1999, durante a missão em Timor, estava perto dele. Ela trabalha na área de Negócios e Comércio da ONU e se encontrava no prédio na hora da explosão. Imagens de televisão de todo o mundo mostraram seu desespero ao tentar romper o cerco de segurança e chegar perto dos escombros.

'Talvez ele fosse a única solução para uma saída pacífica para o Iraque'

Nos dois meses e meio que passou no Iraque, Vieira de Mello coordenou com eficiência os trabalhos humanitários que couberam à ONU graças ao vago mandato dado à organização pela coalizão militar anglo-americana. Apesar das enormes dificuldades, escolas e hospitais estavam sendo reequipados e voltavam à normalidade. Estações de tratamento de água e esgoto recomeçavam a funcionar. A distribuição de alimento, interrompida desde a guerra, aos poucos se normalizava. Com sua simpatia, o sorriso largo e enorme facilidade para se entender com pessoas das mais diferentes culturas, Vieira de Mello adotou o hábito de sair de seu escritório e de Bagdá sempre que possível. Em seus contatos com líderes tribais e religiosos de várias partes do país, convenceu-se de que sua missão ia além do que queria o governo americano. Três semanas antes de morrer esteve na ONU, em Nova York, e fez um duro discurso. Cobrou um compromisso claro dos EUA e do Reino Unido para levar o Iraque a restabelecer sua soberania. 'Ele tinha noção do tamanho de sua missão', conta o embaixador brasileiro na ONU, Ronaldo Sardenberg, que esteve com Sérgio naquela ocasião. 'Sabia que corria riscos.'

'Aqui está o caos. As condições de trabalho estão profundamente comprometidas', desabafou Vieira de Mello para um assessor em Genebra. Segundo o relato de um amigo, o diplomata brasileiro repassou suas preocupações ao próprio Kofi Annan, seu amigo e grande incentivador dentro da organização. Por telefone, alertou o chefe de que a segurança, a cargo das tropas americanas, não era suficiente e que a presença da ONU poderia ser confundida pelos iraquianos com a própria presença americana.

Seja como representante de uma ONU malvista pelos iraquianos, seja como administrador eficaz de uma reconstrução que apenas começava, Vieira de Mello tornou-se um alvo importante para o terror. As Nações Unidas são lembradas pela população do Iraque por seu papel na Guerra do Golfo de 1991 e no embargo econômico de mais de 12 anos imposto para obrigar Saddam Hussein a acabar com suas armas de destruição em massa. Além de explorar essa antipatia da população, a resistência armada iraquiana que se articulou após a queda do ditador parece ter escolhido o caos como estratégia. Quase sem eletricidade, água e em meio a uma enorme insegurança, a população que chegou a receber as tropas americanas com algum alívio está a cada dia mais irritada com a intervenção militar. Vieira de Mello estava preocupado. 'Sinto que na Bagdá civil as pessoas comuns não podem circular pelas ruas. A situação está sem saída', disse. Quanto menos saída, melhor para os terroristas. Para além de sua brutalidade, o atentado à ONU tem mais uma característica assustadora para os americanos. Ter sido um ataque suicida é indício de que terroristas islâmicos estão por trás da ação. A bomba usada no ataque, porém, veio do arsenal regular do Iraque. O que significa que algum tipo de contato houve entre os partidários de Saddam Hussein e terroristas islâmicos, normalmente inimigos mortais. Para o general John Abizaid, comandante militar americano no Iraque, pode estar se formando uma coalizão de todos os inimigos dos EUA no Iraque. E as tropas americanas ainda estão longe de poder garantir a segurança de quem quer que seja.

#Q#

'Sem dar ao Sérgio instrumentos militares de coerção, a ONU o mandou para a morte. Ele foi para o Iraque com um mandato precário', diz o deputado Paulo Delgado (PT-MG), integrante da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e interlocutor freqüente do diplomata nos últimos anos. 'Sérgio tinha um pressentimento de que essa seria sua missão mais difícil', lembra Flávio Damico, diplomata brasileiro em Genebra que trabalhou com Vieira de Mello em Timor Leste. Para quem perguntava o motivo de ele haver aceitado uma missão tão espinhosa poucos meses depois de ter sido nomeado para o cargo de alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, um dos mais prestigiosos da organização, Vieira de Mello tinha a mesma resposta. 'Estão pedindo muito para que eu vá. Não posso deixar de atender', dizia. A ONU estava com a imagem arranhada por não ter conseguido evitar a guerra contra Saddam Hussein. Sérgio tinha o perfil e a experiência para o cargo. Além disso, contava com a simpatia do presidente americano, George W. Bush. 'Se alguém poderia obter o consenso em Bagdá, era ele', observa o ministro Antônio Patriota, secretário de Planejamento Diplomático do Itamaraty. 'Talvez ele fosse a única saída para uma solução pacífica no Iraque', lamenta o ministro-conselheiro do Brasil na ONU, Frederico Duque Estrada Meyer.

Ao amigo Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores do Brasil, Vieira de Mello revelou sua preocupação com o que iria enfrentar. 'Ele não tinha receio físico. Mas tinha preocupação com a situação de segurança. Pois, sem isso, a ONU não teria condições de desempenhar seu papel', lembra Amorim. Para a amiga, assessora e diplomata brasileira Luciana Mancini, esse destemor era a característica básica de Vieira de Mello. 'Sérgio nunca temia pela vida. Tinha uma confiança contagiante. Falava que a missão a cumprir era maior do que a própria vida e brincava: 'Se Deus é brasileiro, eu estou protegido'', conta. 'Era quase um escoteiro. Com ele, não tinha culto à personalidade. Era meio espartano, uma característica que adquiriu nas guerras', diz o secretário Antônio Patriota. 'Ele tinha segurança e naturalidade. Podia estar ao lado de um rei ou presidente como ao lado de um refugiado, que era a mesma pessoa', define Patriota. Foi o que garantiu seu sucesso em Timor Leste. De 1999 a 2002, o brasileiro governou Timor até que a população pudesse assumir o controle do novo país independente. A missão foi considerada a mais bem-sucedida da história da ONU. 'Enquanto os estrangeiros ficavam chocados com o que viam, ele tinha um contato fácil. Enfrentava as dificuldades com naturalidade', diz o diplomata brasileiro Flávio Damico. Em agosto de 2001, o brasileiro viveu um de seus momentos mais característicos em Timor. No fim do mês haveria a primeira eleição democrática do país. Era fundamental uma grande participação dos timorenses para dar legitimidade ao pleito. O clima hostil fez com que a população fugisse das cidades com medo dos milicianos que queriam a continuação do domínio indonésio. Ao perceber seu trabalho ameaçado, Sérgio visitou as 13 províncias de Timor para assegurar à população que o voto era livre e secreto. Aprendeu a falar o tétum, a língua local, para ter maior facilidade de comunicação. 'Ele tinha enorme respeito pelos valores culturais dos povos. Esse era um de seus segredos', lembra Luciana Mancini. A tese era de que as sociedades que enfrentavam grandes conflitos só podiam ser reconstruídas pelas mãos da própria população.

O sucesso em Timor elevou a estrela de Vieira de Mello na ONU, mas sua ascensão não foi isenta de críticas. Indicado no ano passado para o Alto Comissariado de Direitos Humanos, foi acusado de deixar os direitos humanos em segundo plano para cuidar de sua carreira profissional. A simpatia que o presidente americano George W. Bush tinha por ele deu mais gás aos descontentes. A Human Rights Watch chegou a publicar uma nota cobrando uma voz mais firme contra o governo americano. Vieira de Mello respondeu indiretamente: 'Não esperem que eu fique tratando de direitos humanos numa sala confortável em Genebra. Não é aqui que as violações acontecem'.

'A combinação de charme, sofisticação mundana, uma mente ágil e um enfoque pragmático na resolução de problemas' fazia de Vieira de Mello 'imediatamente reconhecível como um certo tipo de estrangeiro no Exterior', disse a revista britânica The Economist. Trata-se de um certo tipo de aristocrata brasileiro capaz de se sentir, e ser, um cidadão do mundo. Explica-se. Sérgio Vieira de Mello foi o filho de maior projeção internacional de uma família há muito tempo ilustre. O sargento-mor (cargo equivalente hoje ao de major) Antônio Vieira de Mello desembarcou em Pernambuco, vindo de Portugal, em 1654, pouco antes da invasão holandesa. Foi avô do capitão-mor Bernardo Vieira de Mello, que, com o paulista Domingos Jorge Velho, destruiu o Quilombo dos Palmares, em 1694. Dez anos depois, esse mesmo Vieira de Mello liderou os aristocratas do açúcar pernambucanos contra os comerciantes portugueses do Recife no episódio que ficou conhecido como Guerra dos Mascates. Se Bernardo Vieira de Mello foi decisivo na queda de Zumbi, o descendente Sérgio se encarregou do ajuste de contas com seu histórico familiar. Assumiu várias missões em países africanos e se preocupava particularmente com o Sudão, país que vive quase 20 anos de guerras e fome. 'Era muito preocupado com a África', diz o primo Antônio Vieira de Mello.

O avô de Sérgio, Antônio, chegou a ser prefeito de Barreiras, no interior da Bahia, e teve cinco filhos. O mais velho, também Antônio, foi o primeiro a se instalar no Rio, onde foi jornalista e procurador do Estado. Especialista em Shakespeare, a sua biblioteca de mais de 10 mil volumes foi doada a uma universidade. O segundo, Almiro, era médico oftalmologista. O terceiro, Arnaldo, pai de Sérgio, abraçou a carreira diplomática, obrigatória para pelo menos um membro das famílias importantes do Brasil. Foi cônsul na Cidade do México, em Roma, em Buenos Aires e em Beirute. Tarcilo, o quarto irmão, era líder do PSD de Juscelino Kubitschek na Câmara Federal. Foi o grande articulador da derrubada de uma CPI que tentava impugnar a candidatura de JK, liderada pelo udenista Carlos Lacerda. Era um dos grandes oradores de seu tempo e o único temido por Lacerda.

#Q#

Num episódio nebuloso, o pai de Sérgio, Arnaldo, foi afastado do Itamaraty em 1969 - na mesma leva em que o regime militar decretou a aposentadoria do diplomata e poeta Vinícius de Moraes. A decisão jamais foi completamente compreendida pela família. Arnaldo não era de esquerda nem participara de qualquer ato contra a ditadura. Criou-se a lenda de que Sérgio não ingressou no Itamaraty por mágoa pelo afastamento do pai. A realidade é mais corriqueira. Nas manifestações estudantis de maio de 1968 em Paris, Sérgio ajudou a jogar pedras na polícia e terminou fichado. O consulado brasileiro recebeu a informação e Sérgio acabou sendo aconselhado a não voltar ao Brasil. 'Por isso ele decidiu tocar a vida na França e fez concurso para a ONU', conta Antônio Carlos Machado, amigo de infância.

Sérgio nasceu no Rio de Janeiro por escolha da mãe, mas passou quase a vida toda fora do país. Aos 7 meses, já estava em Buenos Aires, onde o pai trabalhava. Por aqui estudou de 1962 a 1965, período em que fez o equivalente ao ensino médio no Liceu Franco Brasileiro - com aulas em francês e o português como segunda língua.

A jornalista Diane Kuperman, colega de escola, lembra bem do amigo da chamada 'turma do fundão', que, mesmo estudando pouco, tirava ótimas notas. 'Ele era muito inteligente e muitas vezes os professores chamavam sua atenção por estar viajando em plena aula, mas era impossível ter raiva dele, era encantador', diz. Já naquela época, dizia que queria ser diplomata. Do Liceu, Sérgio foi para a Faculdade Nacional de Filosofia, também no Rio, onde ficou durante um ano, e seguiu para a França. Continuou os estudos de filosofia e ciências humanas na Sorbonne, em Paris.

Morando fora, Sérgio vinha ao Brasil todo fim de ano. Era na casa da mãe, Gilda, viúva de 83 anos, que o diplomata se reunia com a irmã, Sônia, seu único sobrinho, André, primos e amigos. Nesses encontros, não tomava iniciativa de falar do trabalho. Preferia assuntos amenos, gostava de conversar sobre o Brasil e não perdia um dia de sol na praia. Adorava frutos do mar e não dispensava uma peixada nos restaurantes Cabaça Grande e Real das Peixadas. Botafoguense no Rio, santista em São Paulo, tentava acompanhar os campeonatos nacionais. Mas não era fácil escapar dos relatos sobre suas missões pelo mundo. 'Toda a família sempre teve grande curiosidade sobre o que ele passava lá fora. Não raro ele se via cercado por todos que queriam saber de suas histórias e opiniões', diz o primo Antônio Vieira de Mello. Sérgio minimizava as preocupações da família. Dizia que pela televisão a situação sempre parecia pior do que a realidade. Nessas reuniões, não gostava de que se falasse mal do Brasil. Tinha estreita ligação com a terra em que tão pouco morou. Seus dois filhos, Adrian e Laurent, nem sequer falavam português. Nascidos na França, sempre viveram com a mãe, a francesa Annie, que conheceu Vieira de Mello ainda no tempo da Sorbonne.

Na última visita ao Brasil ele passou quatro dias de férias em Búzios, junto com a namorada, Carolina. Estava radiante. Já Gilda, mãe do diplomata, chorou muito. Dizia sentir que alguma coisa de ruim aconteceria ao filho. 'Ela pedia para ele deixar de cuidar do mundo e cuidar dele', diz o ex-governador do Rio de Janeiro Celso Peçanha, amigo e vizinho da mãe do diplomata. Com o Iraque no centro das atenções, familiares e amigos arriscavam o palpite de que ele podia ser enviado a Bagdá. Sérgio Vieira de Mello descartava a possibilidade com uma frase: 'Cansei de sofrimento, quero descansar'. Não foi possível.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Sites

http://www.usp.br/svm/index.php


http://civitasmaximaorg.blogspot.com/2008/03/former-un-united-nations-secretary.html

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Livros sobre ele

A obra “Sérgio Vieira de Mello – pensamento e memória” resgata as idéias que nortearam os esforços de Sérgio Vieira de Mello na luta pela defesa dos direitos humanos em sua trajetória como funcionário da Organização das Nações Unidas, até o trágico final de sua carreira.

Estas idéias, além de expostas nos originais do autor, são objeto de análise por nomes que honram a sua geração: Celso Lafer, Carlos Eduardo Lins da Silva, Luiz Felipe de Seixas Corrêa e Luciana Mancini, Gelson Fonseca Júnior, Paulo Sérgio Pinheiro e Ronaldo Mota Sardenberg. Os seus textos na Primeira Parte inspiram-se em reflexões de Sérgio Vieira de Mello, como Aulas Magnas, discursos, artigos e conferências. Do amplo material pesquisado foram selecionados os textos avulsos que compõem a Segunda Parte deste volume.

O conjunto publicado no livro permite ao leitor formar um juízo completo sobre as opiniões de Vieira de Mello em vários momentos de sua carreira na Organização das Nações Unidas. Marcando algumas vezes reações episódicas, no calor dos acontecimentos, o material complementar pode servir para seminários entre estudantes de Relações Internacionais ou, numa escala mais ampla, tornar conhecidas certas avaliações por ele feitas em torno de questões já incorporadas à história. Configura-se, no todo, um retrato mais vivo do personagem. Vemos, nesta Segunda Parte, não apenas a percepção do intelectual, mas a do homem público e até mesmo a do acidental e vigoroso polemista.

De consistente formação humanística e com clara vocação diplomática, Sérgio Vieira de Mello dedicou parte de seus 33 anos de carreira na ONU à missões de paz em situações críticas, onde assumiu o controle de delicadas negociações, incluindo intervenções das Nações Unidas na transição do poder em Moçambique, ao final do longo e penoso período de guerra civil, e em Kosovo, defendendo os direitos dos refugiados. Assumiu o cargo de executivo-chefe do governo transitório no Timor Leste, antes da posse efetiva de Xanana Gusmão, e fora enviado para coordenar as ações da entidade em Bagdá, por ocasião da intervenção militar liderada pelos Estados Unidos no Iraque em 2003, onde o trágico incidente com um carro-bomba em frente ao prédio que sediava a base de operações da ONU tirou-lhe a vida, junto com mais duas dezenas de funcionários das Nações Unidas.

A nossa expectativa é que este livro possa contribuir para um balanço internacional das perdas e ganhos neste início de milênio. Entre as perdas, a morte prematura de um grande brasileiro, como vítima da insensatez humana. Entre os ganhos, as muitas vidas que ele salvou pelo uso generoso da persuasão.
Organizado por Jacques Marcovitch, o livro foi editado em 2004 pela Editora da USP [EDUSP] em cooperação com a Editora Saraiva e contou com o apoio da Fundação Bunge.

Indice do Livro
Primeira Parte
Reflexões sobre textos escolhidos de Sergio Vieira de Mello
1. Um Brasileiro na História do Mundo
Jacques Marcovitch

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2. Kant e a Razão Abrangente da Humanidade no Percurso de Sergio Vieira de Mello
Celso Lafer
3. História Filosófica e História Real: Atualidade do Pensamento Político de Kant
Sergio Vieira de Mello

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4. A ONU e a Consciencia do Mundo diante do Possível
Carlos Eduardo Lins da Silva
5. A consciencia do Mundo: A ONU diante do Irracional na História
Sergio Vieira de Mello

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6. Sergio Vieira de Mello no Timor Leste: A Construção de um Estado Independente
Luiz Felipe de Seixas Corrêa
7. Apresentação à Assembléia Constituinte do Timor Leste
Sergio Vieira de Mello

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8. Direitos Humanos como Utopia: comentários a uma conferência de Sergio Vieira de Mello
Gelson Fonseca Junior
9. Civilização Mundial: Mirando o Alvo Errado?
Sergio Vieira de Mello

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10. A Mágica de Sergio e o Velho Demônio da História
Paulo Sérgio Pinheiro
11. Informe do Alto Comissariado das Nações Unidas e Seguimento da Conferência Mundial de Direitos Humanos
Sergio Vieira de Mello

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12. Discurso Proferido na Abertura da 59ª Sessão da Comissão de Direitos Humanos da ONU
Sergio Vieira de Mello
13. Sergio Vieira de Mello: Paz e Direitos Humanos
Ronaldo Mota Sardenberg
14. Apenas os Estados Membros Podem Fazer a ONU Funcionar
Sergio Vieira de Mello
Segunda Parte
Outros textos Escolhidos de Sergio Vieira de Mello
15. Sentido da Palavra Fraternidade
16. Rumo à Cooperação entre Ajuda Humanitária e Forças Militares
17. Difamação é Crime
18. As Bases e Perspectivas para um Timor Leste Independente
19. O Período de Transição em Timor Leste: Construir das Cinzas e Destroços uma Nação Independente e Democrática
20. O Caminho à Nossa Frente
21. Transcrição de Entrevista Coletiva à Imprensa (Por ocasião da nomeação para chefiar a missão do Alto-Comissariado de Direitos Humanos da ONU no Iraque)
22. Entevista a um Programa Interativo da BBC News (06/12/2002)
23. Aberura do 11º Workshop sobre Cooperação Regional para a Promoção e a Proteção dos Direitos Humanos na Região Ásia-Pacífico
24. Briefing para o Conselho de Segurança (Sobre a Situação no Iraque)
25. Última Entrevista de Sergio Vieira de Mello

Frases que fazem o pensar mais reflexivo

“A manutenção da paz e da segurança está indissociavelmente ligada à igualdade dos direitos entre homens e mulheres”.

“A globalização e a liberalização comercial trouxeram riquezas para muitos, mas a distância entre ricos e pobres – países ricos e pobres e pessoas ricas e pobres dentro dos países – está aumentando”.

“Desenvolvimento humano é o processo de alargamento das escolhas dos indivíduos proporcionando a cada um, a oportunidade de tirar o melhor partido das suas capacidades: viver uma vida longa e saudável, adquirir conhecimentos e ascender aos recursos necessários para um nível de vida decente”.
“Um ser humano tem o direito de viver com dignidade, igualdade e segurança. Não pode haver segurança sem uma paz verdadeira, e a paz precisa ser construída sobre a base firme dos direitos humanos”.
(Sergio Vieira de Mello)

)

A Fundação

http://www.sergiovdmfoundation.org/en/home.html

Filmes e documentários

Através de uma série de entrevistas realizadas em oito países, o premiado documentário Sérgio Vieira de Mello - A Caminho de Bagdá mostra a trajetória de vida do embaixador brasileiro Sergio Vieira de Mello, morto num atentado à sede da ONU em Bagdá, em agosto de 2003. A direção é da jornalista Simone Duarte.

Quarenta pessoas que o conheceram recordam o trabalho feito por este diplomata, que lutava contra a burocracia e tinha esperança na renovação das Nações Unidas, com particular destaque para suas missões em países como Moçambique, onde ele morou dois anos; Camboja, onde ficou um ano; e o Timor Leste, seu endereço por dois anos e meio.

O atentado que o matou no Iraque também marcou o fim de uma era de ajuda humanitária internacional e o começo de novas incertezas. Nos extras, uma entrevista especial com Kofi Annan, ex-Secretário Geral da ONU.



Livros sobre ele

Samantha Power ,lançou em 2008 o livro "Chasing the Flame" .Ela deu a idéia para o diretor Terry George ("Em nome do Pai" e Hotel Ruanda")para um filme sobre Sérgio V. de Mello . O diretor busca agora um roteiro para dar início às filmagens.